O motoqueiro extirpa o silenciador que vem de fábrica e sai espalhando susto com o escapamento da moto. No ônibus, ninguém consegue tirar um cochilo após o expediente porque algum passageiro decidiu assistir, sem fone de ouvido, ao vídeo que recebeu pelo telefone. O colega de trabalho dá uma saída e não leva o celular, que começa a tocar incessantemente, constrangendo o escritório. O vizinho de porta aprende a tocar guitarra e, para ouvir melhor os acordes, capricha no amplificador. Parece que viver em sociedade no século 21 é o mesmo que ser constantemente bombardeado pelo barulho. Como se não bastasse ser a cidade ruidosa por si só, em razão da aglomeração de pessoas e do trânsito crescente, a poluição sonora acaba sendo potencializada por comportamentos inapropriados que as pessoas adotam no dia a dia......... Segundo a fonoaudióloga Keila Knobel, o que falta a essas pessoas são “educação, respeito, cidadania, empatia”: — Como o som não respeita muro nem parede, nós invadimos o espaço alheio com muita facilidade. A invasão é frequente porque muita gente não se coloca no lugar do outro. Quando ouço o meu cantor favorito, digo que é “música”. Se o vizinho ouve a mesma música e no mesmo volume, fico indignado e chamo de “barulho” Keila é autora de um estudo que comprova essa avaliação. Como pós-doutoranda na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela entrevistou 670 alunos de colégios de Campinas (SP). A maioria se disse incomodada com o nível de ruído na sala de aula, mas quase ninguém se reconheceu como fonte do barulho. — Numa turma de 40 crianças, ouvi de 39 que a sala de aula era barulhenta por causa dos “outros”. A conta não fecha. Brigar por um ambiente minimamente silencioso não é capricho. É questão de saúde. De acordo com a medicina, as pessoas começam a perder a audição quando são expostas por períodos prolongados e repetidos a sons a partir de 85 decibéis (o equivalente ao ruído do liquidificador). Imperceptível nos estágios iniciais, a morte das células auditivas é gradual, lenta e irreversível........ A partir dos 60 decibéis (o mesmo que uma conversa normal), embora não consiga ferir o ouvido, o som já é suficiente para agredir o restante do organismo e também prejudicar o equilíbrio emocional. Não à toa, a regra de ouro de qualquer hospital é “silêncio”. O pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) Armando Maroja, especializado em acústica ambiental, afirma que a poluição sonora é um “mal invisível”: — Diante da água poluída, você vê a cor e se recusa a beber. Diante do ar contaminado, você prende a respiração ou se afasta. Com o barulho, é diferente. Embora perigoso, ainda não é encarado como tal. Um lugar barulhento dificilmente espanta alguém.

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